A perícia do Instituto de Criminalística do Paraná concluiu que laudos atestando câncer de pele apreendidos no consultório da médica Carolina Fernandes Biscaia Carminatti de Pato Branco, no sudoeste do Paraná, foram adulterados, disse o delegado de Polícia Civil Helder Lauria a reportagem nesta sexta-feira (29).
Ele afirmou que a conclusão dá materialidade ao que a polícia suspeitava no princípio, de que era feita a sobreposição de laudos falsos sobre os verdadeiros e era usada uma máquina copiadora para emissão dos diagnósticos falsos de câncer de pele no consultório da médica.
“[Perícia] chegou à conclusão de que houve falsificação de laudos de pacientes onde haveria sobreposição de um diagnóstico falso em cima do laudo verdadeiro”, disse Lauria.
“Até existia uma folha com vários diagnósticos falsos prontos só para serem cortados e botados em cima do diagnóstico verdadeiro. Aí ela ia e tirava xerox. Ela botava o falso, em parte, por cima do diagnóstico verdadeiro e tirava xérox”, explicou o delegado.
Os itens foram apreendidos em 23 de fevereiro deste ano após a polícia receber denúncias de seis pacientes contra a médica. O número de vítimas agora subiu para 31, segundo o delegado Lauria.
A investigação, até o momento, apurou que nas consultas a médica examinava pintas e manchas dos pacientes e afirmava que algumas delas poderiam ser cancerígenas. Na sequência, ela fazia retirada de material e encaminhava para um laboratório.
Na reconsulta, segundo a investigação, ela apresentava ao paciente um laudo falso com diagnóstico de câncer de pele e realizava a ampliação de margem – procedimento em que é retirado pedaço da pele na área suspeita de haver células cancerígenas. Os procedimentos custavam até R$ 13 mil.
A defesa afirmou que vai aguardar as conclusões e não vai “comentar sobre especulações que podem interferir na investigação. Ressaltamos que o caso continua em sigilo judicial”, diz nota.
Criminalmente, se forem comprovadas as fraudes, a médica pode responder por crimes como estelionato e lesões corporais. Somadas as penas podem chegar a mais de seis anos de prisão.